A base aliada do governo fechou acordo para colocar em votação hoje a proposta de criação de uma nova contribuição para financiar a saúde. É a CSS (Cansei de Ser Sexy), que funcionaria de forma bem diferente da extinta CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Para arrecadar fundos para o Ministério da Saúde, a banda paulistana indie de maior sucesso de todos os tempos se uniria ao Governo Federal em uma turnê em prol da saúde pública. "Todo o dinheiro arrecadado seria direcionado para a saúde. Vamos aproveitar o sucesso dessa garotada para suprir a ausência da CPMF" disse o líder do Governo na Câmara Henrique Fontana (PT-RS).
O plano dos governistas é incluir a proposta de criação da nova contribuição no texto da emenda 29 -- que amplia os recursos para a saúde--, e que deve ser votada ainda hoje. De acordo com o novo projeto, a banda Cansei de Ser Sexy assinaria uma parceria com o governo se comprometendo em repassar 75% do lucro de seus shows para o Ministério da Saúde. "É mais divertido do que a CPMF", diz Luisa Lovefoxxx, vocalista da banda. Sobre a proposta de parceria do governo, Lovefoxx declarou: "É uma honra poder contribuir com o nosso país. Conversmos muito entre nós para decidir se aceitávamos, e chegamos a conclusão de que passamos muito tempo tocando só no exterior, e que estava na hora de ajudar o nosso povo. É a nossa forma de dizer que amamos o público brasileiro".
Neste ano, o Ministério da Saúde precisa R$ 6 bilhões para manter a sua estrutura, sem expandi-la. "Não queremos uma solução irresponsável, queremos que a população contribua e se divirta", afirmou o ministro José Gomes Temporão. O deputado Henrique Fontana estima, com base no sucesso da banda em outros países, que a nova forma de arrecadação seja de R$ 12 bilhões a R$ 15 bilhões por ano. Com isso, ainda deve sobrar uma bela quantia para os integrantes do CSS. "Sabemos que eles precisam sobreviver. Aquelas roupas indies devem custar caro", especula Fontana.
"A dona Maria que ganha, por exemplo, R$ 1.200 por mês terá R$ 1,20 destinado para ir ao show e vai ter de volta esse recurso na sua contribuição previdenciária", disse o deputado. "Ninguém é obrigado a ir aos espetáculos, mas contamos com o sucesso da banda para alavancar a arrecadação" concluiu. Para popularizar a projeto, o Ministério já estuda a possibilidade de incluir em horário nobre, nas redes de tv aberta, propagandas que ensinem a população a dançar hits como "Superafim" e "This Month, Day 10". Segundo Fontana, a CSS entrará em vigor 120 dias depois de ser aprovada pelo Congresso. Nesse período, sem a nova contribuição, o governo estuda encaminhar por acordo ao Legislativo medidas provisórias ou projetos de lei que financiem a saúde no país.
A base aliada também estuda propor como alternativa para setor o aumento da taxação sobre a execução do technobrega na Região Metropolitana de Belém, mas ainda não definiu como será tratado o assunto no Congresso. "Enxergamos ali um grande potencial para a contribuição financeira", afirmou Temporão. Imagina só.
Rodrigo Cruz
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