sexta-feira, 4 de abril de 2008

Minha primeira brochada (eu nunca esqueci)


A promessa foi feita ao pé do ouvido: "Daqui a uma semana eu te dou, pode me cobrar". Eu, ainda garoto, falava a respeito do assunto todos os dias. Fiquei ansioso, roí todas as unhas enquanto aguardava o prometido. Ela, madura, apenas sorria. Pediu-me segredo, disse que era para eu não contar para ninguém o que estava para acontecer. Havia a possibilidade dos outros garotos a pedirem também e assim, fazê-la desistir.
E como já havia chegado bem perto de realizar aquele antigo sonho, resolvi escutá-la. Apesar de gordinho, não tinha força suficiente para ganhar na disputa com os mais velhos. Iria matar aquela vontade de outra forma, agora sem nenhum esforço físico. Pela força seria impossível, foi preciso usar a inteligência. Precisei apenas fazer cara de pedinte e ela se compadeceu. O clima era de expectativa era de ambas as partes.
Um amigo perguntou-me o que estava para acontecer, pois me via muito agitado. Eu tentava disfarçar e desconversava. Na noite anterior virava de um lado para o outro na cama. Ficava pensando como seria, o que precisava fazer, falar. Estava com muita vontade, mas também com bastante medo. Por mais que eu tentasse, era impossível não pensar constantemente naquilo. Acordei antes do horário – para surpresa da minha mãe – e me arrumei. Fiz questão de colocar a blusa mais nova que tinha no armário. Quando cheguei ao colégio, a professora se aproximou, abriu a bolsa e retirou o broche que era dado para o melhor aluno da sala. Os amigos olhavam espantados, não esperavam que aquele aluno tão bagunceiro ganhasse aquele título. Dei um forte abraço na professora e agradeci. Não via a hora de chegar em casa para contar a todos como havia sido a primeira brochada da minha vida.

por Jorge Oscar

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