sábado, 29 de março de 2008

Sobre o MST...


Corruptos. Vândalos. Bandidos: monstros destruidores de propriedades alheias! Essa é a imagem do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra na mídia nacional (de massa). É simples confirmar isso. Experimente escrever MST na ferramenta de busca da Folha Online ou do G1. Você verá manchetes como “MST invade unidade da Vale, quebra equipamentos e bloqueia rodovia no MA”.
Num país que viveu 21 anos de regime militar, no qual um pequeno grupo de famílias de extrema direita conservadora detém a outorga dos veículos de comunicação, é fácil confirmar o que disse o cientista social Francisco Rüdiger, professor da Faculdade de Comunicação da PUC RS: “O julgamento público se deixou colonizar pelos esquemas da indústria cultural. Os fenômenos culturais são pré-consumidos: o indivíduo se relaciona de maneira cada vez menos imediata com a própria coisa, consumindo ao invés a aura ou imagem social que lhe deu a máquina de propaganda”.




No Piauí, pude me "relacionar de maneira imediata com a própria coisa”. Da visita ao Assentamento 17 de Abril, lembrarei de duas criancinhas me contando que o acampamento em que elas moravam pegou fogo. Vou lembrar também da melancia que comi na casa do Seu Antonio, do amor que os “companheiros” sentem por seus lotes de 250 x 30m de terra barrenta, da organização e da disciplina dos membros daquela comunidade, do punho esquerdo erguido durante a execução do hino do movimento: “Vem, lutemos punho erguido! Nossa Força nos leva a edificar Nossa Pátria livre e forte, Construída pelo poder popular”.

por Zé Augusto

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